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Caio Carrara

Desenvolvedor de software do Brasil

Possui mais de uma década de experiência em engenharia de software. Usuário, apoiador e criador de software livre. Tem um olhar social para a tecnologia.

Reflexões sobre times de plataforma após ler a pesquisa DORA de 2024

dev tech devops

O relatório DORA de 2024 diz que a pesquisa anual detectou que a "engenharia de plataforma" causou um efeito negativo inesperado: queda da velocidade e na estabilidade das mudanças. Para quem está no mercado, talvez não seja tão inesperado assim.


Aqui está um resumo bem rápido dos principais dados do Relatório DORA de 2024 a respeito dos achados sobre resultados de times que adotam a chamada engenharia de plataforma:

A complexidade de colocar software em produção parece estar crescendo. Isso parece uma consequência natural de vários fatores, como o tamanho e a estrutura dos times, requisitos de negócios, sistemas legados, entre outros. Mas destaco dois elementos que nem sempre são tão visíveis: a falta de uma análise crítica e de uma estratégia clara para simplificar.

O próprio relatório DORA menciona os times de plataforma como uma influência do livro Team Topologies, além de práticas adotadas por empresas como Spotify e Netflix. No entanto, o que vejo com frequência é a falta de uma análise crítica dessas comparações. Muitas empresas, ao enfrentar os primeiros desafios do crescimento, buscam respostas no mercado e na literatura, mas nem sempre adaptam essas soluções à sua realidade. Poucas empresas, se é que existem, possuem a mesma estrutura de times, processos e sistemas que as grandes, principalmente no que diz respeito à capacidade de investimento.

Na engenharia de plataformas, uma grande parte da energia é dedicada a melhorar a experiência do desenvolvedor, criando os chamados golden paths. Esses são fluxos de trabalho altamente automatizados e de autoatendimento, usados pelos desenvolvedores para interagir com os recursos necessários para entregar e operar aplicações. O objetivo desses caminhos é abstrair as complexidades de construir e entregar software, permitindo que o desenvolvedor se concentre apenas no código.

O trecho acima, retirado do relatório DORA, aponta um ponto crucial: abstrair as complexidades do processo de entrega de software. Esse é um tema amplo, mas o mais importante aqui é que as últimas décadas trouxeram transformações rápidas e intensas na forma como entregamos software. E, mesmo assim, o estado atual não é necessariamente o mais produtivo ou o mais eficiente economicamente.

Os times de plataforma surgem justamente para enfrentar essa complexidade na entrega de software, mas muitas vezes sem repensar questões fundamentais da estrutura. Por isso, é essencial focar na simplicidade radicalmente — não apenas criando abstrações. Um bom exemplo disso é a iniciativa da Basecamp, que repensou sua estratégia de uso de clouds públicas fonte. Estimando uma economia de 7 milhões de dólares.

É crucial que as empresas adotem uma abordagem crítica e adaptada à sua realidade. Em especial, pensem radicalmente na simplicidade para lidar com a complexidade crescente na entrega de software.

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